O redemoinho de poeira é um sinal de tempo seco e temperatura alta no Pantanal. Brigadistas fazem rondas para apagar pequenos focos que ressurgem em trechos já castigados por queimadas. Em um local, eles avaliam a ponte que teve parte da sustentação atingida pelo fogo. As lontras se esconderam debaixo da estrutura, que pode desabar.
“Em muitos lugares não caiu chuva e aonde caiu a quantidade foi insignificante. Não consegue reduzir os focos de calor ao ponto de extingui-los”, afirma Paulo Barroso secretário-adjunto da Defesa Civil.
Ainda não dá para saber até quando Pantanal vai queimar, até porque o combate é complexo. Mesmo depois de apagar as chamas, o fogo pode voltar mais uma ou até duas vezes na mesma área. É o chamado fogo subterrâneo.
“Existem duas queimas: a queima que está por cima do solo e uma queima que está ocorrendo devagar, por baixo, e ela é uma queima que vai percorrendo bem mais lenta. Quando a gente apaga um incêndio em cima, esse incêndio subterrâneo continua, ele vai sempre procurando um caminho e, novamente, voltar o incêndio”, explica Isaac Wihby, tenente do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.
Foi o que aconteceu quando o Rafael, que é biólogo e voluntário, estava em uma trilha. “O fogo já passou por aqui e ele reacende depois de horas. E isso pode acontecer depois de dias. Então, o monitoramento de toda a área que já foi queimada tem que ser constante. Essa área a gente apaga, resfria. O foco é eliminado, porém, se nada mais é feito, esse fogo vai retornar”, conta.
Nas imagens aéreas dá para ver bem a propagação silenciosa. Segundo os bombeiros, cada ponto é gerado por uma queimada subterrânea. As chamas atingem primeiro as raízes e depois sobem pelas árvores. Muitas vezes, os animais não têm nem tempo de fugir.
“Mais de 98% dos incêndios são causados pelo homem. E o animal sofre suas consequências diretas sem saber nem o que fazer. Com certeza, esse é o maior incêndio florestal que ocorre no Pantanal e sem nenhum precedente. Nunca aconteceu um incêndio dessa natura, com essa magnitude, com essa severidade”, afirma Paulo Barroso secretário-adjunto da Defesa Civil.
Fonte: G1.