Neste fim de semana, pescadores encontraram o corpo de um filhote de boto (Tursiops truncatus), no Molhes da Barra, em Laguna. A imagem do boto-pescador foi compartilhada nas redes sociais e sensibilizou a população. Este foi o primeiro caso de morte do animal registrado no município que tem o título de Capital Nacional dos Botos Pescadores.
Algumas marcas semelhantes à rede de pesca foram observadas no corpo do animal e chamaram atenção.
A equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) foi acionada para recolher o animal e realizou uma análise para saber a causa da morte e se havia relação com redes de pesca.
A biometria constatou que se tratava de uma fêmea de 19,6 quilogramas, 1,24 metros de comprimento em adiantado estado de decomposição dificultando a colheita de algumas amostras para análises complementares devido a autólise celular.
A médica veterinária Gabriela Cristini de Souza explica que a autólise “é um processo natural que inicia logo após a morte e consiste na destruição de células e tecidos por enzimas do próprio animal.”
Segundo a especialista, com as evidências encontradas, a causa da morte pode ser considerada de origem natural. “Trata-se de um filhote recém-nascido de uma semana aproximadamente, pois tinha o cordão umbilical não cicatrizado, dobras fetais evidentes, cicatrizes dos pelos vestigiais e os dentes não tinham entrado em erupção ainda”, detalha a médica veterinária, o que descarta a possibilidade das marcas terem sido causadas por redes de pesca.
As amostras foram encaminhadas para análise e o laudo oficial deve ser divulgado nas próximas semanas.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. A UDESC monitora o Trecho 1 compreendido entre Laguna e Imbituba, e recebe animais para reabilitação e necropsia do Trecho 2, compreendido entre Imbituba e Governador Celso Ramos.
Caso encontre algum animal marinho vivo ou morto, entre em contato conosco pelo telefone 0800 642 3341.