O Butia catarinensis – também conhecido como butiá-da-praia está restrito a uma faixa estreita do litoral catarinense e gaúcho, e por isso as populações da espécie são altamente ameaçadas por impactos antrópicos. No entanto, um projeto desenvolvido pela iniciativa privada em parceria com universidades está gerando centenas de mudas e sendo determinante para a conservação da espécie.
O projeto nasceu dentro do Centro de Gestão Ambiental da SulGesso, que vem desenvolvendo esse trabalho inédito no estado há mais de três anos, com o intuito de ajudar na preservação da planta nativa. Após muitas pesquisas e testes, os primeiros resultados foram conhecidos no mês de março deste ano, com algumas sementes de Butia catarinensis germinando dentro de uma câmara especial.
Agora, os resultados recentes são ainda mais animadores. Com os protocolos adotados, a germinação na câmara – que vinha ocorrendo com 45 dias – nesses novos testes ocorreu nas primeiras sementes, aos 29 dias. Esse procedimento permite superar a dormência da semente, ou seja, é possível “antecipar” a germinação da semente, que na natureza leva até 2 anos para acontecer.
A evolução em relação ao número de plantas obtidas em um menor período confirma o sucesso do procedimento adotado no projeto. “Já atingimos mais de 100 sementes germinadas, totalizando atualmente 142 mudas de butiá”, explica a engenheira agrônoma Morgana Tuzzi, responsável pelo projeto na SulGesso.
As sementes germinadas saem da câmara com 60 dias, permanecendo por mais cerca de 20 dias nas caixas chamadas “gerbox” e depois são transplantadas para vasos. Após esse período, as mudas estão prontas para serem levadas para o viveiro da empresa, espaço projetado para cultivar plantas nativas como o butiá. No viveiro, permanecem por aproximadamente 12 meses a 2 anos, até estarem prontas para serem plantadas junto à natureza.
A produção das mudas é um dos primeiros frutos do Centro de Gestão Ambiental da SulGesso, que abriga um viveiro de plantas nativas e uma área de 250 mil metros quadrados destinada à preservação da espécie Butia catarinensis.
O projeto contou ainda com a parceria científica do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (DDPA). Além do time da SulGesso, estão envolvidos diretamente no projeto os pesquisadores do DDPA Adilson Tonietto e Gilson Schlindwein, que desenvolveram esse processo com a câmara e são especialistas em pesquisas de germinação de butiá e atuam no ramo há mais de 10 anos.
As mudas provenientes da germinação na câmara ainda estão em fase de testes e, por isso, ainda não estão disponíveis para doação. Com a sequência do projeto, será possível produzir mudas de Butia catarinensis para ajudar na preservação da espécie no estado.