A história dos últimos dias do ex-reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier está prestes a virar filme. Intitulado “18 dias”, o projeto é encabeçado pelo diretor Rafael Figueiredo e pela roteirista Cristina Gomes e está em fase de captação de recursos, sem data de início para as gravações. O ator Werner Schünemann viverá o protagonista.
“Este é um capítulo muito triste da nossa história e mostra até onde vai essa arbitrariedade, esse conluio que houve entre Ministério Público, Polícia Federal e o apoio da imprensa, que se calou e aplaudiu o que estava acontecendo”, ressalta o diretor.
Cancellier foi encontrado morto na manhã do dia 2 de outubro de 2017, no Beiramar Shopping, em Florianópolis. Ele estava afastado da instituição por determinação judicial: ele e outras seis pessoas foram presas no dia 14 de setembro e liberadas no dia seguinte. O grupo foi investigado na Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, que apurou supostos desvio de recursos em cursos de Educação a Distância (EaD).
No dia em que foi preso, a Polícia Federal lançou uma nota de que havia uma acusação de desvio de verba de R$80 milhões na UFSC, fato que foi desmentido pela PF no mesmo dia. Para Rafael, a motivação em contar a história é a indignação.
“A acusação que pesava sobre o Cancellier não era de desvio de verbas, mas de ele ter supostamente ter obstruído a justiça ao tomar uma atitude perfeitamente legal num procedimento que o permitia conhecer os de que se tratava o processo. Essa série de arbitrariedades nem de longe eram compatíveis com essa acusação”, explica.
Sobre a escolha do protagonista, Rafael afirma que foi além do perfil físico semelhante. “O Werner Schünemann é uma pessoa que pensamos logo de cara. Ele tem ascendência europeia, é um cara grandão como o Cancellier, um excelente ator e entende a importância de um projeto como este. Para o diretor é importante que o ator esteja empolgado como ele está”, conta Rafael.
O filme é roteirizado por Cristina Gomes, formada em Jornalismo pela UFSC, e é baseado no livro investigativo Recurso Final, escrito por Paulo Markun. O filme começa com a prisão do reitor e termina com sua morte. Por isso, é intitulado 18 dias: a prisão aconteceu no dia 14 de setembro e o suicídio no dia 2 de outubro. O filme será produzido pela produtora Coopas, do Rio de Janeiro, e a Raça Livre, de Florianópolis.