Um dos mais famosos casos aconteceu em 16 de fevereiro de 2008, por volta das 19h e atingiu a comunidade de Lageado. O grande tornado pôde ser visto desde a BR-101 e vários outros bairros da cidade. Naquela ocasião, uma mulher ficou ferida quando os ventos arremessaram a porta da sua casa sobre sua perna. Os danos só não foram maiores porque o fenômeno atingiu principalmente áreas de plantação e poucas casas.
Em 6 de fevereiro de 2011 uma nuvem funil foi registrada por moradores do bairro Oficinas em Tubarão. O fato aconteceu próximo ao meio-dia, mas não gerou estragos.
Por volta das 17h do sábado de 07 de janeiro deste ano, mais uma nuvem funil foi registrada. Desta vez o fenômeno assustou os veranistas que puderam ver a formação na região das praias de Jaguaruna. Segundo relatos o evento não chegou a causar danos, mas rendeu vários vídeos e fotos arrepiantes.
Um dos registros mais recentes da região foi o tornado que atingiu o município de Sangão. Ele aconteceu na sexta-feira de 13 de janeiro de 2023. Apesar de ser considerado um tornado fraco, ele causou muitos prejuízos e chegou a tombar um caminhão na região de Morro Grande.
Conversamos com o meteorologista Marcelo Martins, que trabalha na Epagri - Ciram, em Florianópolis. Segundo o especialista, um dos motivos para o tornado se formar é a própria rotação da terra e a instabilidade que vem das regiões ao norte do Brasil que acaba “esbarrando” na Cordilheira dos Andes e é direcionada para cá, tornando nossa região mais chuvosa. Essas massas de ar quente acabam se chocando com os sistemas que vêm das regiões mais ao sul, como as frentes frias vindo da Antártida. Há um choque dos sistemas frios com os sistemas quentes.
Para os tornados se formarem é preciso haver instabilidade, e movimentos descendentes para que se forme a nuvem. A nuvem possui base baixa e pode chegar a até 15 km de altitude. Segundo Marcelo, estas nuvens podem carregar um grande peso de água e ao se chocarem com algum vale, regiões de relevo ou algo que faça ela ter um movimento giratório, acaba gerando o tornado.
● Estamos numa rota de tornados?
Infelizmente, a resposta é que sim, nossa região é propícia para este fenômeno. Eles acontecem o ano todo, mas são mais frequentes na primavera e no verão, devido ao clima mais quente e úmido.O meteorologista conta que nossa região é a segunda mais tempestuosa do mundo, perdendo apenas para o trecho que fica no estado do Oklahoma nos Estados Unidos.
“Os tornados são bem comuns de acontecerem. Podemos notar que em cidades como Criciúma, Florianópolis e Joinville é mais raro de acontecer. Isto porque eles são mais frequentes em regiões como vales, na serra catarinense e locais onde há maior ondulação no relevo”, afirma Marcelo.
De acordo com Martins, o tornado é a formação que chega a tocar o solo, em terra. Já a nuvem funil é diferente por ser o fenômeno que se forma no céu, mas não chega ao chão. Já a tromba d'água ocorre da mesma forma que o tornado, mas tocando alguma superfície de água como o oceano, represas ou açudes.
O furacão não tem nada haver com o tornado. O tornado tem extensão pequena, de no máximo alguns quilômetros e chega a até quase 300km/h em muitos registros. Já o furacão pode ter dimensões muitas vezes maiores do que a de um estado inteiro e são mais comuns em costas com oceano quente. Felizmente, esse não é o caso da nossa região, que possui um oceano mais frio e a formação de furacões é rara.
● Como se proteger e prever os tornados?
Marcelo Martins explica que Santa Catarina possui uma grande rede de monitoramento com radares. Ele afirma que o serviço é excelente em nosso estado. "Vou dizer que pode ser até o melhor do país, mas a população também teria que ser mais treinada e ler mais os avisos e alertas meteorológicos", conta o meteorologista.
No dia em que há aviso de temporal localizado pode ser o dia propício para formação de um tornado ou microexplosão. Claro que não significa que sempre que há alerta de tempestade um tornado irá acontecer, dependerá de fatores como o relevo e os ventos em cada local.
Em caso de alertas de temporal, evite sair de caso. Mas se for inevitável, sempre siga os alertas da Defesa Civil. “Hoje, existem sistemas de monitoramento que emitem alertas e você pode saber com alguma antecedência quando os temporais irão acontecer na região em que você está”, conclui Marcelo.