Segundo Willian, seu olhar para a saúde mental das pessoas se intensificou no final de 2022. Era final da Copa do Mundo, quando perdeu a sua mãe, Rita, de 55 anos, para uma doença mental. "Ela parecia bem", conta. "Por isso acho que devemos falar disso não só no setembro amarelo", complementa.
Willian é evangélico e, comprometido com Deus, também jejua todas as segundas-feiras. Foi durante um desses momentos que teve o insight para a viagem. "Ia fazer um jejum de 3 dias em casa, quando senti o Espírito Santo dizer 'pega seu carro e vai'. 'Mas para onde?'. E aí vi o versículo na Bíblia que menciona 'até os confins da terra'. Eu vi no mapa qual era o extremo-sul do Brasil e decidi percorrer esses 830 km para ida e 830 km para a volta, totalizando quase 1800 quilômetros calculando bem".
Mas qual o propósito da viagem?
Segundo Willian, durante esse trajeto solitário, a ideia é 'conversar com pessoas'. "Enquanto percorro o trajeto, eu estarei parando em postos conversando com quem precisa, orando, abraçando", conta. E além disso, usará uma camiseta com os dizeres: Depressão l Ansiedade l Posso orar por você? l Posso te dar um abraço? Até, do seu Whatsapp. "Se a pessoa não quiser falar na hora, sentir vergonha, mas ver meu número, poderá entrar em contato que tentarei confortá-la", conta.
Assim que tiver completado a viagem, Willian se prepara para outra, que deve ocorrer em janeiro de 2025, desta vez com a família. "Esse é um embrião para a outra viagem que eu quero fazer até Ushuaia, no extremo-sul da América do Sul, uma cidade da Argentina conhecido como "fim do mundo", sendo a cidade deste continente mais próxima da Antártida. "Nessa viagem serei mais intencional ainda. Quero passar a mensagem que depressão e ansiedade tem tratamento. É uma doença e tem que ser tratada. Eu tenho a dor. Sei como é a dor de um filho perder uma mãe. Sei o que é um filho perder a mãe para isso. A gente tem que pegar essa pessoa pela mão e dizer: vai se tratar, tem psicóloga, psiquiatra, remédio, apoio emocional, espiritualidade. Tem vida".
Funcionário da prefeitura, e motorista do carro da Saúde há 12 anos, Willian trabalha no setor do TFD - Tratamento fora do município. Nessas viagens, ela leva pessoas para radioterapia, quimioterapia, transplantes, pessoas transplantadas que precisam fazer manutenção, além de outros casos. Estar próximo desses casos também o ajudou a perceber seu propósito humanitário.
"Eu estou fazendo isso como uma viagem introspectiva para mim mesmo, para quebrar essa situação do trauma. Mas no começo eu precisava mais ser ajudado do que ajudar. E agora eu sinto que eu estou preparado. Completa 41 anos dia 13 deste mês. Também é minha motivação fazer algo de útil, pensando na minha mãe, uma vez que ela me deu à luz", completa. Para acompanhar essa jornada de três dias de Willian até Chuí, você pode segui-lo no Instagram @willian_coelho_1, onde ele postará relatos nos stories.