Domingo, 18 de maio de 2025
Facebook Instagram Twitter Youtube TikTok E-mail
48 3191-0403
Geral
16/05/2025 18h00

Conheça a história do Restaurante Bambu, ícone gastronômico de Tubarão

Bambu deixou um legado saboroso e afetivo que ainda hoje desperta saudade em quem teve o privilégio de sentar à sua mesa
Conheça a história do Restaurante Bambu, ícone gastronômico de Tubarão

Confira mais imagens ao final da matéria

Com todo respeito ao badalado Coco Bambu, quem viveu em Tubarão entre as décadas de 1950 e 1980 sabe que o verdadeiro “bambu” que encantava os paladares era outro — e não tinha nada a ver com a franquia.

 

O Restaurante Bambu, com seus galetos assados na medida certa e a inconfundível maionese de camarão, era mais que um ponto de encontro: era quase uma instituição. Entre garçons carismáticos, radiche com bacon e histórias que atravessam gerações, o Bambu deixou um legado saboroso e afetivo que ainda hoje desperta saudade em quem teve o privilégio de sentar à sua mesa.

 

Bambu Restaurante e Churrascaria: o sabor de um tempo que passou
 

No dia 4 de fevereiro de 1958, Tubarão ganhava um novo e promissor ponto de encontro: o Bambu Restaurante e Churrascaria. Idealizado por Eurides G. Porto, o espaço logo se tornou conhecido por sua proposta original e acolhedora. Localizado no centro da cidade, era um ambiente que combinava boa comida, atendimento cordial e um toque rústico que agradava a todos.

 

Para garantir a qualidade dos pratos, o restaurante possuía uma granja própria, no bairro Congonhas, onde eram criadas aves destinadas ao preparo dos tradicionais galetos ao "primo canto" — prato que se tornaria a marca registrada da casa.

 

O sucesso foi tanto que o Bambu logo passou a ser referência não só em Tubarão, mas em todo o Sul do Brasil. O restaurante chegou a receber visitas de governadores, políticos renomados, jornalistas e personalidades de destaque da época.

 

Dez anos depois: uma nova sede, a mesma essência
 

Em 1968, quando completou uma década de existência, o Bambu reabriu em novo endereço: a esquina da rua Patrício Lima com a avenida Expedicionário José Pedro Coelho. A inauguração contou com coquetel, cerimônia com bênção religiosa e a presença de autoridades.

 

Na ocasião, o economista Michel Miguel, representando o prefeito Stélio Boabaid, destacou a importância do restaurante para a cidade, afirmando que a nova sede representava a continuidade de tudo o que o Bambu sempre simbolizou: familiaridade, bom gosto e tradição.

 

A partir dessa fase, o restaurante passou a ser gerido por Nelson Cardoso, que manteve a qualidade e o charme que o tornaram famoso. Entre os pratos mais pedidos, além dos galetos, estavam a polenta com radiche e bacon, a maionese com camarão e o típico frango caipira. A higiene impecável e o atendimento dos garçons — muitos dos quais acompanharam o restaurante por anos — também marcaram a experiência dos clientes.
 

PUBLICIDADE

O relato de quem viveu o Bambu


O Restaurante Bambu marcou época em Tubarão não apenas pelos pratos irresistíveis, mas também pelas histórias de quem frequentou — ou trabalhou — no local. Dois personagens ajudam a manter viva essa memória. Vitório Bernardini relembra com precisão uma das fases do restaurante: “Trabalhei no Bambu em 1973. A maionese de camarão e o galeto no espeto eram os carros-chefes. Naquele tempo, o restaurante funcionava nos fundos da Comat, concessionária da Volkswagen. O proprietário era o Nelson José Cardoso.” Segundo ele, o último endereço do restaurante foi no bairro Humaitá, na Avenida Patrício Lima.

 

Já o frequentador Antonio Neves Neto compartilha lembranças afetivas: “Fui um grande frequentador do Restaurante Bambu. Não me lembro se o primeiro dono foi o Sr. Eurides com dona Terezinha ou o Sr. Miguel... Tinha uma churrascaria ao lado do Posto Santo Anjo. Sei que o Eurides ficou depois. Muito galeto, polenta  — ninguém se esqueceu da maionese com camarão, o frango caipira... Os garçons, todos bacanas”. Ele também recorda a localização original: “Estou falando da primeira fase, na esquina da Rui Barbosa com Altamiro Guimarães, ao lado da Carlos Hoepcke. Depois, quando mudaram para outro local, o Sr. Rafael vendeu, se não me engano, para o Guido Maia, esposo da Sra. Moema Boabaid. Aí não lembro mais... Em 1971, saí de Tubarão e fui para o Oeste de SC”, recorda.


Política no Bambu

O Restaurante Bambu também foi palco de articulações políticas e encontros com a imprensa. Em 1984, por exemplo, o então deputado federal Walmor De Lucca reuniu-se com jornalistas de Tubarão na churrascaria para um almoço político. Durante o encontro, que contou com representantes de veículos como O Estado, Folha da Semana, Jornal da Cidade, Tabajara, Santa Catarina e outros convidados especiais, o deputado concedeu entrevistas e defendeu a urgência das eleições diretas para presidente da República.

 

“Sem eleições diretas, o Brasil não sairá da recessão”, afirmou o parlamentar, destacando a importância da redemocratização do país. Ao final, agradeceu a presença dos profissionais de imprensa e colocou seu gabinete em Brasília à disposição dos veículos locais. A foto do momento histórico — De Lucca ladeado por jornalistas — foi publicada pelo jornal Folha da Semana.

PUBLICIDADE

Episódio trágico: um crime de 1988 e a ligação com o Bambu
 

Em 1988, o nome do restaurante voltaria aos jornais, desta vez de forma indireta, ligado a um dos crimes mais impactantes da época em Tubarão: o latrocínio do empresário Solon Rodel.

 

O caso teve início com a venda de um relógio Omega de ouro 18 quilates, que passou por diversas mãos. O objeto foi vendido por José Martinelli de Souza a Antônio Carlos Rodrigues, o “Carlinhos”, por Cz$ 100.000,00. Pouco depois, Solon Rodel o comprou de Carlinhos por Cz$ 150.000,00.

 

Na tentativa de reaver o relógio, os irmãos Martinelli rastrearam Solon — e foi no restaurante Bambu que conseguiram localizá-lo, com informações fornecidas pelo próprio Carlinhos. A perseguição seguiu até a boate Castelinho, frequentada por Solon. De lá, ele foi conduzido, já embriagado, até a lanchonete Paula Lanches, e mais tarde convencido a retornar à boate, com a desculpa de ajudar um amigo. No trajeto, os irmãos revelaram tratar-se de um assalto.

 

Solon foi baleado, teve o relógio e outras joias roubadas, e acabou morrendo.
O caso foi destaque no Expresso do Sul em 29 de outubro de 1988. A Justiça condenou José Martinelli de Souza a 23 anos de prisão, Joaquim Martinelli de Souza a 21 anos, Antônio Carlos Rodrigues a 12 anos e Irene Lupato a 20 dias-multa por falsidade ideológica.


HC Notícias
48 3191-0403
48 9 8806-3734
Rua Altamiro Guimarães, 50
88701-300 - Centro - Tubarão/SC
Hora Certa Notícias © 2019. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.