Mudar a cor dos olhos com laser pode parecer moderno e atraente, mas nem sempre é seguro — e pode até custar a visão. O alerta vem da oftalmologista Yasmin Tournier Boppré Pichutti, do Complexo Médico Provida, em meio ao aumento da procura por informações sobre o procedimento após celebridades como Maya Massafera e Andressa Urach realizarem a chamada ceratopigmentação fora do Brasil.
“Tenho recebido muitos questionamentos sobre essa cirurgia. Existem três técnicas para mudar a cor dos olhos, mas a mais conhecida é a ceratopigmentação, que é o que essas influenciadoras fizeram. Embora o procedimento também seja realizado no Brasil, ele é restrito a casos muito específicos, como em pacientes com cegueira em um dos olhos e que apresentam um aspecto esbranquiçado, estigmatizante. Nesses casos, a técnica busca igualar a aparência entre os dois olhos”, explica a médica.
A ceratopigmentação consiste em uma espécie de tatuagem na córnea — a parte transparente na frente do olho. O pigmento é aplicado diretamente na córnea para simular a aparência de uma nova cor.
Contudo, a realização da cirurgia em olhos saudáveis com fins estéticos é proibida no Brasil e em muitos outros países.
“A técnica deixa a pupila com tamanho fixo, como se tatuássemos uma lente de contato colorida no olho. O problema é que, se esse paciente precisar de exames mais detalhados no futuro, como em casos de catarata, descolamento de retina, trauma ou infecção, o médico pode não conseguir dilatar a pupila para um diagnóstico ou tratamento adequado. Isso pode impedir uma cirurgia que salvaria a visão”, alerta Dra. Yasmin.
Além da ceratopigmentação, outras técnicas para mudar a cor dos olhos também apresentam riscos graves e podem levar à cegueira irreversível. “Não existe, hoje, nenhum método seguro para alterar a cor dos olhos de forma definitiva. A recomendação é clara: não façam esse tipo de procedimento apenas por estética”, finaliza a oftalmologista.