Seis meses. Esse era o tempo que os médicos deram a Celeidino Vieira Fernandes caso ele não encontrasse um coração compatível para doação. O que parecia ser o fim se transformou em um recomeço quando a família de Leila de Oliveira Mendes autorizou a doação dos órgãos do marido dela, que havia falecido. Entre os pacientes beneficiados pelo gesto estava Celeidino, que recebeu o coração e uma nova chance de viver.
O transplante não apenas devolveu a saúde ao aposentado, mas também foi o ponto de partida de uma história de amor inesperada. Um ano após a cirurgia, em 1999, movido pelo desejo de agradecer, Celeidino procurou a família do doador e conheceu Leila. O primeiro encontro foi marcado pela emoção. “Ele me puxou, me abraçou e falou: escuta aqui o coração do teu marido”, relembra ela.
O que começou como amizade se transformou em algo maior. Em 2003, Leila e Celeidino oficializaram o relacionamento e se mudaram para Jardim (MS), onde vivem até hoje. Apesar das dificuldades emocionais no início, principalmente pelo fato de o coração transplantado ter pertencido ao marido falecido de Leila, o casal construiu uma relação sólida. “É difícil explicar. Mas eu sou grato por tudo, porque ela é a minha vida”, afirma Celeidino.
Ao longo dos anos, a saúde de Celeidino apresentou novos desafios. Em 2019, ele enfrentou problemas renais e passou por um transplante de rim. Ainda assim, seu entusiasmo e fé sempre o acompanharam. “Do coração nem deu tempo de pensar, mas eu sempre acreditei que ia dar certo. E deu. Eu sou prova de que transplante funciona”, disse.
Hoje, o casal defende a importância da conscientização sobre a doação de órgãos. Celeidino reforça que “vale a pena pensar no assunto, porque você pode salvar alguém”. Já Leila, que no passado teve dúvidas, agora é uma voz ativa na causa: “Muitas pessoas realmente precisam de um órgão. O incentivo é essencial, e as equipes de acolhimento nos hospitais fazem toda a diferença”.