O Brasil registrou 45,5 mil internações por envenenamento em emergências do SUS nos últimos 10 anos, segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede). Em média, foram 4.551 casos por ano — o que equivale a 12,6 por dia e um a cada duas horas.
Entre os atendimentos, 3.461 foram de intoxicações provocadas por terceiros, muitas vezes em contextos de conflitos familiares ou interpessoais. A Abramede chama atenção para a facilidade de acesso a substâncias tóxicas, a pouca fiscalização e o uso intencional em situações de violência.
As principais causas de envenenamento acidental envolvem medicamentos como analgésicos, anticonvulsivantes e sedativos, além de pesticidas e álcool. No total, drogas e produtos químicos respondem por mais de 18 mil casos no período analisado.
No ranking de mortes por intoxicação proposital, São Paulo lidera com 754 casos, seguido por Minas Gerais (500), Pará (295), Paraná (289), Goiás (248), Bahia (199) e Rio de Janeiro (162). Santa Catarina aparece em oitavo lugar, com 153 registros. Na outra ponta estão estados como Amapá (16), Sergipe (8), Alagoas (4), Acre (3) e Roraima (1).
O perfil das vítimas mostra predominância masculina (23.796 casos). Adultos jovens de 20 a 29 anos e crianças de 1 a 4 anos estão entre as faixas etárias mais atingidas, com mais de 7 mil registros cada. Idosos e bebês, por outro lado, apresentam os índices mais baixos.
Casos recentes expuseram a gravidade do problema: em Torres (RS), três pessoas morreram após comer um bolo com arsênio; em Parnaíba (PI), cinco integrantes de uma família perderam a vida após ingerirem refeição misturada a inseticida; e em Natal (RN), um açaí adulterado causou a morte de um bebê de oito meses.