O preço do arroz voltou a preocupar produtores e indústrias de Santa Catarina. Neste mês, a saca de 50 quilos foi cotada em média a R$ 65, chegando a R$ 58 em alguns casos, valor inferior ao custo de produção. Essa queda não era registrada desde a pandemia e ameaça a sustentabilidade da cadeia produtiva.
Segundo lideranças do setor, o desequilíbrio é resultado da oscilação do mercado internacional e da alta oferta de grãos nos países do Mercosul, que aumentaram os estoques. A manutenção dos custos de cultivo e beneficiamento, somada ao encarecimento das embalagens, agrava ainda mais a situação.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina, Walmir Rampinelli, alerta que, se os preços permanecerem baixos, haverá risco de descontinuidade na produção e perda de empregos. Já o presidente da Coopersulca, Arlindo Manenti, aponta que a isenção do imposto de importação reduz a competitividade das indústrias nacionais e prejudica o escoamento da produção.
De acordo com o setor, o preço ideal para garantir a viabilidade seria entre R$ 80 e R$ 85 por saca. Como alternativa, representantes pedem a ampliação de políticas públicas de exportação e a compra governamental para recompor estoques reguladores. A Conab chegou a adquirir 109,2 mil toneladas em leilão realizado em agosto, mas o volume é considerado insuficiente.
Para os próximos meses, o SindArroz-SC avalia que a continuidade dos preços em patamares baixos pode levar produtores a reduzir o uso de insumos, como adubos e ureia, comprometendo a qualidade do grão. Além disso, há preocupação com a retração no consumo doméstico: em 2019, eram 10,8 milhões de toneladas, número que caiu para 10,5 milhões em 2024.
Enquanto produtores enfrentam margens negativas, os consumidores encontram mais opções a preços menores que os praticados no último ano. Para tentar reverter a tendência, a indústria lançou a campanha “Arroz Combina”, incentivando o aumento do consumo nacional.