As demolições das casas localizadas na Praia do Forte, em Florianópolis, começaram na manhã desta terça-feira (29), conforme decisão da Justiça Federal. Máquinas e equipes já atuam no local para executar a derrubada dos imóveis construídos em área tombada próxima à Fortaleza de São José da Ponta Grossa. A ação ocorre após o prazo de desocupação se encerrar na segunda-feira (28).
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Repórter Sérgio Guimarães (@reporter.sergioguimaraes) • Fotos e vídeos do Instagram
Quatro das oito residências localizadas na região estão na lista da ordem judicial, expedida após anos de disputa entre a União e os moradores. Os imóveis foram erguidos em área sob responsabilidade do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Vigília na véspera
Horas antes da chegada das máquinas, moradores realizaram uma vigília em frente às casas, resistindo à decisão. Desde a noite de segunda-feira (28), eles permaneceram no local, iluminando a área com velas, em um protesto silencioso. A vigília foi organizada por membros da comunidade e contou com apoio da Amprafe (Associação de Moradores da Praia do Forte).
O comerciante Ivânio Alves da Luz, que nasceu e cresceu em uma das residências ameaçadas, lamentou o impasse: “A gente quer um acordo. Estamos dispostos a fazer os ajustes de conduta que forem necessários, mas a União insiste em seguir estritamente o que está no processo.”
Ele explicou que os imóveis foram construídos por sua família há mais de 150 anos, antes da legislação de proteção ambiental e patrimonial. Ivânio também administra um restaurante no mesmo terreno e afirma que a comunidade é reconhecida como tradicional por leis federais e municipais.
Histórico da disputa
A briga judicial se arrasta há mais de quatro décadas. A primeira solicitação de reintegração de posse pela União foi feita em 1991. Desde então, moradores resistem às decisões alegando vínculos históricos e culturais com a área.
Uma tentativa anterior de demolição, em fevereiro deste ano, foi interrompida por mobilização popular. Desta vez, no entanto, o cenário é diferente: a operação avança sob escolta policial, apesar da resistência.
A expectativa dos moradores era de que um acordo pudesse ser fechado até o último momento, o que não se concretizou.