Ainda pouco acolhido e cheio de tabus, os vícios nascidos ou potencializados desde o começo da pandemia merecem uma atenção especial. Uma pesquisa feita em agosto do ano passado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com 44.062 brasileiros, mostra que quase 35% dos entrevistados que já eram fumantes, passaram a consumir mais cigarros por dia desde o início do isolamento social. Entre eles, 6,4% aumentaram em até cinco; 22,8% somaram mais dez por dia e 5,1%, em 20 ou mais.
Mas o abuso do cigarro e até mesmo do álcool não ficam isolados. Outros dados que assustam são do Ministério da Saúde que mostram que entre março a junho de 2020, o atendimento por uso de alucinógenos cresceu 54% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o uso excessivo de sedativos, cresceram em 50%. Mas não são só os brasileiros que estão nesse cenário, alguns estudos a nível mundial mostram que o consumo de maconha aumentou em 36% no mundo nos primeiros seis meses de pandemia.
“Todas essas pesquisas nos dão uma amostra da gravidade que estamos enfrentando, mas é bem provável que os números engordem quando pensamos nas pessoas que não pedem ajuda ou têm vergonha de se expor, com medo de julgamentos. Infelizmente, nossa sociedade carrega preconceitos e não enxerga como doença. E isso gera ainda mais estresse e ansiedade nesses pacientes, dificultando ainda mais o tratamento”, reforça a médica.
“Tratar o vício é como controlar um incêndio: é preciso apagar o fogo mais intenso para achar o foco, o que está causando. Só assim, o paciente pode ter uma vida com mais saúde e longevidade. Nesse ponto, a Medicina do Estilo de Vida pode ajudar trazendo um olhar plural e integrativo para esse paciente, com prognósticos que contemplam todas as dificuldades, minimizando as chances de recaída”, completa a especialista.