A Páscoa, como celebração religiosa, existe há milênios. Originalmente, marca a saída do povo hebreu do Egito, conforme narrado no Antigo Testamento. Com o cristianismo, passou a simbolizar também a ressurreição de Jesus Cristo — núcleo da fé cristã. Mas o popular coelho da Páscoa, presente em propagandas, vitrines e ovos de chocolate, tem uma origem bem diferente: pagã.
Antes de ser associado à data cristã, o coelho já era símbolo de fertilidade em rituais de primavera celebrados por povos germânicos. A figura do animal aparece em festivais dedicados à deusa Ostara (ou Eostre), divindade ligada ao renascimento da natureza e à abundância. Por se reproduzirem com facilidade, os coelhos representavam o ciclo da vida e a renovação — temas também presentes na Páscoa.
Com a expansão do cristianismo pela Europa, muitas tradições pagãs foram incorporadas às celebrações religiosas. Foi nesse contexto que o coelho acabou associado à Páscoa cristã, mesmo que sua relação com o feriado não tenha base bíblica.
A tradição moderna do coelho que entrega ovos teria surgido no século XVIII, com imigrantes alemães nos Estados Unidos. Eles trouxeram a lenda do “Osterhase”, um coelho mágico que colocava ovos coloridos para as crianças bem-comportadas. A prática se espalhou, ganhou força nas famílias e acabou se transformando em uma tradição popular.
Com o passar dos anos, os ovos pintados deram lugar aos ovos de chocolate e o coelho se consolidou como símbolo pascal no imaginário infantil e no comércio.
Hoje, embora sem relação direta com os textos sagrados, o coelho da Páscoa convive com os significados mais profundos da data — lembrando, mesmo que de forma simbólica, os temas de esperança, renovação e nova vida que marcam tanto a libertação de Israel quanto a ressurreição de Cristo.