Santa Catarina ultrapassou, em menos de oito meses, o total de denúncias de violência sexual online contra crianças e adolescentes registradas em 2024. Dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) apontam que, entre janeiro e 17 de agosto deste ano, foram contabilizadas 12 denúncias no estado, contra nove em todo o ano anterior.
O mês de agosto concentrou a maior parte dos registros, com cinco denúncias. Quatro delas ocorreram após o dia 6, data em que o influenciador Felca publicou um vídeo denunciando a exploração e a erotização de menores em plataformas digitais. Sozinhas, essas ocorrências representaram um terço de todos os casos registrados em 2025.
A sequência de denúncias mostra uma escalada ao longo do ano: uma em maio, uma em junho, quatro em julho e cinco em agosto. No mesmo período de 2024, nenhum caso havia sido comunicado em agosto.
Pressão social e resposta política
A repercussão do vídeo de Felca — que já acumula mais de 44 milhões de visualizações — colocou o tema da “adultização” no centro do debate público. A mobilização também influenciou o andamento do Projeto de Lei 2.628/2022, aprovado em regime de urgência na Câmara dos Deputados nesta semana.
A proposta estabelece regras mais rígidas para proteger crianças no ambiente digital, incluindo a obrigatoriedade de vincular contas de menores a responsáveis legais, sistemas de verificação de idade e a criação de canais acessíveis para denúncias de abusos. O texto agora segue para análise no Senado.
Onde denunciar
Casos de violência, exploração ou erotização de crianças e adolescentes podem ser denunciados pelo Disque 100, serviço gratuito e anônimo que funciona todos os dias, 24 horas, inclusive em feriados e finais de semana.
Além disso, também é possível recorrer diretamente ao Conselho Tutelar, Ministério Público, Polícia Civil ou delegacias especializadas. Quando o crime ocorre em ambientes digitais, a denúncia pode ser feita dentro da própria plataforma, por meio das ferramentas de reporte disponíveis.