Ainda assim, pouco se falou na mídia sobre o outro lado da história. O advogado de defesa, Rafael Bressan, que representa a adolescente acusada, contatou o HC negando que haja qualquer precedente de racismo nesse caso, em vista que as duas adolescentes envolvidas, ambas com 13 anos, possuem um histórico de amizade, com fotos nos stories, visitas em casa, entre outras evidências. “A repercussão foi desproporcional à motivação do corte“, contou Rafael. Acompanhe a versão completa:
Segundo o advogado, a história começa semanas antes do corte no cabelo, que ocorreu em 3 de novembro. “Primeiro elas iam juntas de ônibus para o colégio. Depois viraram amigas de sala”, conta Rafael. “Num sábado de outubro de 2021, as duas meninas brincavam juntas na casa da minha cliente – mãe da menina acusada de racismo –, pois elas eram muito próximas. Passou uma semana, a menina com os dreads voltou à casa da amiga, assustada, para se refugiar lá, estava fugindo da mãe”.
A menina de dreads teria relatado que sua mãe havia ameaçado de bater nela, e de matá-la, afogando num açude. Assustados, os pais da amiga então acionaram o Conselho Tutelar – com documento registrado – que apareceu para averiguar a situação. “Como elas já se conheciam, eram amigas, não há razão para uma injúria racial”, salienta Rafael. Passados mais alguns dias, chega o fatídico 3 de novembro, que aconteceu o corte no cabelo em sala de aula. “As duas sentaram juntas. A menina jogou os dreads para trás, por cima da carteira da colega, atrapalhando-a. E a filha da minha cliente pediu uma, duas, três vezes e ela não parou. Então pegou uma tesoura sem ponta e cortou cerca de cinco cm de cabelo”.
Agora as investigações policiais foram encerradas e o caso foi encaminhado ao Ministério Público, que não tem prazo para dar um parecer final.