"Retire a água, que eu não autorizei", interveio o juiz. "O senhor não está aqui para servir água às pessoas. O senhor está aqui como advogado. O copo de vidro não é autorizado. A função do senhor não é servir água aqui."
Em seguida, o magistrado solicitou reforço policial para remover o advogado da audiência, que foi suspensa devido à confusão. "Isso é para você aprender que aqui existe um juiz", afirmou o juiz. "O juiz conduz a audiência e toma as decisões aqui. Quem desrespeita isso é retirado, não importa quem seja."
Em entrevista ao Estadão, Willer Almeida afirmou que ofereceu água porque a mulher estava visivelmente emocionada. Ele destacou que foi um ato de civilidade e humanidade, que o próprio juiz não teve.
O caso foi levado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pela Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, que apresentou uma reclamação disciplinar contra o juiz por "conduta desrespeitosa, humilhante e preconceituosa". A entidade também destacou que a reação do magistrado foi "desproporcional e arbitrária".
A Associação de Magistrados de Mato Grosso do Sul (Amamsul) emitiu uma nota em defesa do juiz, alegando que o advogado tumultuou a audiência e que o magistrado agiu legitimamente no exercício do poder de polícia.
"É dever de todo e qualquer juiz, ao presidir audiência, manter a regularidade dos trabalhos, a disciplina e o decoro durante o curso do processo, evitando a prática de atos capazes de prejudicar a regular tramitação do feito", afirmou a associação. A Amamsul ressaltou que o poder de polícia do juiz está previsto na legislação e é especialmente relevante em julgamentos do Tribunal do Júri.