A Justiça de Goiás condenou, no início desta semana, o médico Márcio Antônio Souza Júnior pelo crime de racismo por um caso que ocorreu em fevereiro de 2022. Ele também terá que pagar R$ 300 mil de indenização por danos morais coletivos.
Souza Júnior é acusado de simular uma cena escravocrata ao publicar nas redes sociais o vídeo de um funcionário de sua fazenda acorrentado pelos pés e pelas mãos. O caseiro, que trabalhava com o médico, contou que foi chamado para ver os “apetrechos” que ficavam na igrejinha da fazenda e confirmou que o patrão colocou os objetos em seu corpo. A vitima alega que chegou a dizer que não gostaria de ser acorrentado, mas que não pôde proibir o médico, por ser o dono da fazenda.
O crime aconteceu no dia 15 de fevereiro de 2022, na Fazenda Jatoba, na Cidade de Goiás, antiga capital do Estado. O inquérito iniciado na delegacia local foi remetido ao Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), em Goiânia.
No vídeo que gerou a investigação, o médico mostra o homem preso às correntes e diz: “Aí, ó, falei para ele estudar, mas ele não quer. Então, vai ficar na minha senzala”.
Na ocasião, ele falava que o ofendido estava em sua senzala por não estudar e logo postou o vídeo nas redes sociais. No mesmo dia, passado alguns minutos da publicação, ligaram para o acusado e pediram para que fosse retirado o vídeo. Nos autos, ele explicou que não tinha como retirar o vídeo, mas que decidiu gravar um segundo vídeo.
O caso ganhou repercussão nacional e internacional. O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) foi acionado. Foram apreendidos uma gargalheira (objeto utilizado para aprisionar pessoas escravizadas pelo pescoço); um par de grilhões para mãos sem corrente (objeto utilizado para aprisionar pessoas escravizadas pelas mãos); e um par de grilhões para pés com corrente (objeto utilizado para aprisionar pessoas escravizadas pelos pés).