A enfermeira Idailane Barrozo, do Samu de Braço do Norte, que é gerido pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de Saúde, aproveitou os dias de folga para se voluntariar. Diante do cenário de desastre, recebeu a permissão da gestão para ficar mais uma semana. “É uma forma do Município se solidarizar com o Rio Grande do Sul, já que ela já está lá auxiliando”, comentou o secretário de Saúde, Sérgio Arent e a secretária adjunta Deisy Mattei.
Idailane conta que um amigo médico (Thiago Mappes), e sua esposa dentista (Pollyana Cavalcante Almeida), mobilizaram uma equipe que, além dela, que é enfermeira com curso de resgate, conta também com mais uma enfermeira de Tubarão (Maria Isabel Alves) e uma agente comunitária de saúde (ACS) (Adriana de Oliveira Ricardo), de Jaguaruna, que aproveitaram os dias de folga para atuar como voluntários. “De início fomos para um abrigo na PUC-RS, e pela manhã fomos direcionados para um ponto onde havia necessidade de médicos e enfermeiros no local, principalmente para pessoas que necessitavam de um atendimento de imediato como diabéticos e hipertensos”
A enfermeira conta que, se juntou a equipe do Corpo de Bombeiros para realizar resgate de idosos, crianças, pessoas que precisavam de assistência de enfermagem. “Nós fomos dentro das embarcações, com barqueiros e população, fazendo resgates dentro dos prédios e casas. Acredito que conseguimos resgatar mais de 150 pessoas e diversos animais”.
Um dos momentos mais marcantes foi a retirada de uma idosa acamada, que utiliza sonda e aparelhos, onde foi necessário subir em uma sacada e utilizar técnicas de conhecimento adquiridas no curso de resgate, já que o momento necessitava de cuidado e preparo.
Conforme Idailane, o cenário é desolador. “É caótico. Um desespero total das pessoas. Algumas irredutíveis de deixar suas casas, o único bem que elas têm. Muita gente perdeu tudo, perderam carros, roupas, mobílias. Em alguns locais a água chegava até três metros de altura, muitas casas apareciam apenas os telhados, muitos animais encima dos telhados. Já a notícia de que haviam corpos boiando, ao menos na área em que eu estava, não é verdadeira. Havia muita gente nos prédios, que foram subindo os andares e salvando alguns pertences, conforme o nível da água foi elevando também. Também muitas crianças assustadas, chorando, famílias separadas umas das outras, muita gente precisando de apoio, carinho, cuidado e afeto, inclusive aqueles que estão realizando os salvamentos”.
O último atendimento da enfermeira na noite de ontem, domingo, 05, foi de uma família que estava em um hotel. “Já era noite, quase 19 horas, e resgatamos essa família, uma criança de aproximadamente cinco anos, a mãe gestante de cerca de quatro meses, que trabalha neste hotel, e o pai. Então, apesar do cenário desolador, é gratificante saber que muitas pessoas foram resgatadas com vida”.
Segundo a enfermeira, as maiores necessidades neste momento são alimentos, cobertores, repelentes, medicamentos, roupas, toalhas de banho, itens de higiene, roupas íntimas, fraldas descartáveis para crianças e fraldas geriátricas.
Idailane e seu grupo retornaram para a região na madrugada de segunda-feira para buscar roupas e alguns pertences e retornou para o Rio Grande do Sul para concluir o voluntariado.