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Em meio à devastação causada pelas recentes enchentes que abalaram o Rio Grande do Sul, uma voz anônima emergiu da tragédia, trazendo um relato que ecoou por todo o país. O áudio, que viralizou nas redes sociais, narrava o momento em que um civil, enquanto participava dos esforços de resgate na cidade de Canoas, avistou o que inicialmente pensou ser uma boneca flutuando nas águas. No entanto, ao se aproximar, deparou-se o corpo de uma criança. Relembre:
O relato chocante rapidamente se espalhou, provocando uma onda de comoção nacional diante da tragédia. O HC Notícias conseguiu localizar o autor do áudio e entrevistá-lo, mostrando sua identidade ao público pela primeira vez.
Rogério Centeno Santos, um morador de Esteio (RS), de 41 anos, é o autor do áudio. Casado e pai de dois filhos, Rogério estava entre os voluntários que se lançaram no resgate das vítimas da enchente no sábado, 4 de maio. Em uma entrevista exclusiva ao HC Notícias, ele compartilhou os detalhes daquela experiência que ficará marcada para sempre em sua memória.
"Foi um choque", confessou Rogério, ao relembrar o momento em que se deparou com a cena. Ele e outros civis faziam resgates no Bairro Mathias, em Canoas (RS). "Estávamos em 26 barcos, mais ou menos. A gente estava com bastante equipe", conta. Por volta das 17h20 de sábado, 4, o resgate ocorreu numa residência em que estavam três pessoas.
"Era uma menina de uns 20 anos, um rapaz de 17 e uma menina de 8 anos. Depois que entraram no barco, passamos pelo local e a mais nova falou em outro idioma. 'Mira la niña'. Pediu para eu pegar". Foi o momento que Rogério percebeu que não era uma boneca, mas uma criança. "Ela estava de bruços, eu cheguei a pegar na mão dela e virar. Mas para não causar choque nas crianças, não coloquei no barco". Depois disso, os três foram levados até o ponto mais alto daquela rua, a Estação Mathias Velho.
Rogério ainda atua nos salvamentos nesta terça-feira, 7 de maio. Até a tarde de segunda-feira, 6, os dados do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Rio Grande do Sul não contabilizaram, entre as 85 vítimas fatais, uma que se enquadre às características mencionadas no áudio. Conforme levantado pela Agência Lupa, oficiais que atuam nas buscas já informaram que é possível que mais corpos sejam localizados assim que as águas abaixarem.