O general da reserva Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) que recebeu um plano do governo Bolsonaro para impedir a posse do presidente Lula (PT). Ele também afirmou que avisou o então presidente que o Exército não participaria de nenhuma ação contra a Constituição. O depoimento do general ocorreu nesta segunda-feira (19), durante audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso em que Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado.
Freire Gomes relatou que participou de diversas reuniões políticas com Bolsonaro e ministros, onde expressou a posição do Exército contra o plano golpista. Ele mencionou que o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Oliveira, apresentou aos chefes das Forças Armadas uma proposta para impedir a posse de Lula, em dezembro de 2022, utilizando instrumentos como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Estado de Sítio e Estado de Defesa. O general comparou o conteúdo da apresentação à minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Segundo Freire Gomes, as propostas foram apresentadas inicialmente como hipóteses em estudo, mas ele e os chefes da Marinha e da Aeronáutica deixaram claro que não havia base legal para o uso das Forças Armadas para interferir no resultado das eleições. Ele também alertou Bolsonaro sobre os riscos jurídicos de uma tentativa de golpe e a falta de apoio nacional e internacional.
O ex-comandante do Exército mencionou que o ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel Mauro Cid, o convocou para uma reunião com o então presidente, que estaria sob pressão de "outros grupos", incluindo civis, para tomar medidas contra a posse de Lula. Como estava em viagem, Freire Gomes enviou o general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira em seu lugar. A audiência contou com a participação dos ministros da Primeira Turma do STF, além de Bolsonaro, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, que acompanharam os depoimentos.