A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta terça-feira (20), a apreensão de uma frota de veículos de luxo que seriam de Antonio Carlos Antunes, conhecido como "Careca do INSS", em Brasília. A ação, parte da Operação Sem Desconto, teve como objetivo localizar e confiscar bens de um "operador financeiro ligado a uma das entidades investigadas", suspeito de adquirir automóveis de alto valor com recursos provenientes de fraudes contra aposentados e pensionistas.
Entre os veículos apreendidos em uma garagem no Setor Bancário Norte, na capital federal, estão dois BMWs (um azul e um amarelo), dois Porsches (um azul e um vermelho) e um Land Rover. As investigações da PF indicam que entidades que repassaram valores a Antunes registraram um aumento expressivo na arrecadação por meio de descontos indevidos nos últimos anos. A suspeita é que Antunes atuava em parceria com funcionários do INSS para beneficiar essas entidades, obtendo dados cadastrais de beneficiários para que as associações cobrassem mensalidades fraudulentas.
No início de maio, a Advocacia-Geral da União (AGU) já havia iniciado uma ação para reaver bens de empresas ligadas a Antunes, buscando ressarcir os aposentados e pensionistas lesados. A Operação Sem Desconto revelou que as empresas de "Careca do INSS" teriam repassado R$ 9,3 milhões para pessoas e empresas ligadas a servidores do INSS, incluindo o ex-diretor de Benefícios André Fidelis, que teria recebido cerca de R$ 1,4 milhão através do escritório de advocacia de seu filho. Um ex-diretor de uma das entidades investigadas, sob anonimato, relatou ao Metrópoles que Antunes se gabava de ter "duas diretorias do INSS" sob seu controle, o que demonstrava uma relação "extremamente estreita" com os diretores do instituto.
Em resposta à dimensão das fraudes, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (20), a urgência para a tramitação do projeto de lei (PL 1846/25) do deputado Sidney Leite (PSD-AM), que propõe a proibição de descontos automáticos em benefícios do INSS por entidades associativas e bancos. A aprovação da urgência permitirá que o texto seja analisado diretamente pelo plenário, agilizando o debate e a votação.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e os líderes partidários entraram em consenso sobre a importância de combater as fraudes no INSS. O projeto principal deverá ter outras 50 propostas relacionadas apensadas para análise conjunta, e um relator será designado para elaborar um novo texto. A votação do mérito do projeto que veda os descontos no INSS está prevista para a próxima semana, após a análise de um outro projeto de lei (PL 1466/25) que reestrutura carreiras e reajusta os salários de servidores públicos do Poder Executivo federal.