Durante o segundo dia do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus pelo episódio do 8 de janeiro, a defesa afirmou que não existe nenhuma prova concreta da participação de Bolsonaro na trama golpista. O advogado Celso Vilardi disse que o ex-presidente foi “arrastado” para os fatos investigados pela Polícia Federal e que não atentou contra o Estado Democrático de Direito.
Veja o vídeo:
Instagram
Segundo Vilardi, o processo se baseia principalmente em uma delação e em uma minuta encontrada no celular de um colaborador da Justiça. Ele destacou que não há qualquer prova que ligue Bolsonaro às operações Punhal Verde e Amarelo ou Luneta, nem ao episódio do dia 8 de janeiro. Além disso, questionou a confiabilidade do delator Mauro Cid, que teria mudado de versão diversas vezes.
O advogado também ressaltou a quantidade de material entregue à defesa, cerca de 70 terabytes, e reclamou da falta de tempo e acesso adequado às provas durante a instrução, que começou em maio e teve apenas 15 dias para análise antes do interrogatório.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), apresentada em fevereiro, acusa Bolsonaro e outros 33 investigados pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O procurador-geral, Paulo Gonet, afirma que Bolsonaro e aliados lideraram uma trama conspiratória contra as instituições democráticas, citando reuniões, discursos e ataques planejados à votação eletrônica como evidências do esquema.
Entre os episódios mencionados estão uma reunião ministerial em 5 de julho de 2021, em que Bolsonaro teria convocado auxiliares a disseminar desinformação, e o discurso de 7 de setembro do mesmo ano, quando o ex-presidente teria ameaçado ministros do STF e do TSE.
Foto: © Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil.