O Brasil enfrenta um cenário alarmante no combate à violência contra a mulher. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o número de processos judiciais por violência doméstica aumentou 8,7% no ano passado, registrando um recorde histórico. Em 2025, o volume de novos casos segue elevado, com mais de 440 mil registros em todo o país até o momento.
A gravidade da situação foi recentemente ilustrada por um caso no litoral de São Paulo, onde um fisiculturista foi preso após agredir a namorada em um apartamento na capital paulista, chegando a fraturar a mão durante o espancamento. Ele fugiu, mas foi localizado pela polícia. Para especialistas, é fundamental que as vítimas e a sociedade reconheçam os sinais de violência e busquem ajuda para evitar tragédias.
A Dor Oculta da Violência
A tentativa de esconder os sinais da violência é um gesto comum entre as vítimas. Alexsandra Brena Souza, líder de expedição, revelou em vídeo a dor de ter que usar maquiagem para disfarçar os hematomas. Chorando, ela relatou um episódio de agressão: "Eu levantei, tonteei, precisei achar minha chave no chão, procurei, mas não conseguia nem me abaixar".
Alexsandra perdeu as forças após ser agredida pelo ex-companheiro, Matheus Hugo de Lima, de 31 anos. Uma câmera de segurança registrou o momento do ataque, que só terminou quando outro homem apareceu. Com o rosto desfigurado, ela foi levada ao hospital com diversas fraturas e precisou passar por cirurgia para reconstrução do nariz. A vítima já esperava o comportamento agressivo do ex-parceiro e, no dia da agressão, chegou a gravar um vídeo em que diz: "Olha o Satanás chegando pra me bater". Após o fim do relacionamento abusivo, Alexsandra conseguiu uma medida protetiva na Justiça.
Estatísticas Preocupantes
São quase 30 mil mulheres (28.648 casos) que sofreram violência doméstica entre janeiro e maio deste ano somente no estado de São Paulo. Esse número representa um aumento de 7,5% em relação ao mesmo período de 2024 (26.262 casos).
Em nível nacional, os dados são ainda mais alarmantes: foram registrados 439.604 novos processos por violência doméstica de janeiro a maio deste ano — uma média de 121 casos por hora, segundo o CNJ. Só no estado de São Paulo, foram 73.313 ações.
O ano de 2024 fechou com um recorde de casos, totalizando quase 990 mil processos (988.781), um aumento de 8,7% em relação a 2023 (909.326).