Creio que os nativos digitais, aqueles que nasceram e cresceram com as tecnologias presentes em suas vidas, não conseguem imaginar como seria o mundo sem elas. Isso inclui a fotografia. Completando seus 180 anos de existência no dia 19 de agosto, data oficial da invenção, na realidade seus experimentos começaram muito antes disso.
A trajetória da fotografia é curiosa, ela não nasceu de um dia para o outro, ela não foi descoberta como muita gente pensa, ela é fruto da persistência, determinação, muito estudo, pesquisa, paixão e sonho de algumas pessoas. O princípio da captura de imagem em uma Câmera Escura surgiu há muito tempo. Existem relatos desta técnica no século V (a.C), na China, na Grécia Clássica, no século V, e em experimentos com microscópio, no século XVII. Muitos foram os relatos do uso da Câmera Escura, mas o grande desafio era o de fixar a imagem que ela projetava.
Era 1810, em Borgonha, Nicéphore Niepce perseguia essa ideia dia e noite, utilizando diversos experimentos. Em 1822, Niepce desceu para a sala de jantar segurando uma placa de estanho coberta de betume da Judeia que delineava uma paisagem da cidade. Sua esposa o esperava para o jantar, ele ficou parado olhando para ela, como quem quisesse ouvir alguma coisa. Está vendo a paisagem, disse ele. Sim, respondeu alegre. No entanto, a alegria durou pouco, dias depois a imagem havia desaparecido.
Na mesma época, o pintor e inventor francês Louis Daguerre resolveu o problema da falta de fixação mergulhando as chapas reveladas numa solução aquecida de sal de cozinha, conseguindo fixar a imagem. As primeiras imagens necessitavam de 8 horas de exposição ao sol para fixar. Outros pesquisadores e inventores também estavam empenhados nesta descoberta, como William Talbot e Hércules Florence, francês residente no Brasil, ambos contribuíram muito com este processo. No entanto, foi Daguerre que lançou a versão final. Em 19 de agosto de 1839, a França anunciou ao mundo o daguerreotipo, uma câmera escura capaz de reproduzir imagens. Sua comercialização e expansão começou a partir desta data.
As primeiras fotografias seguiam o estilo das pinturas em telas e retratavam a natureza, lugares, paisagens e ruas. O gênero de fotografia natureza-morta trazia as referências nas artes. Elas retratavam vasos com flores, cestas com frutas, mesas compostas com diversos elementos, como xícaras, bules, flores, com objetos inanimados. O segundo desafio, após conseguir fixar a imagem, era o de diminuir o tempo de exposição em frente a câmera para poder registrar pessoas e fatos do cotidiano. Por algum tempo as imagens eram de cenários inanimados pelo fato de exigir horas de exposição para captar a imagem.
Foto na imprensa
As revistas foram pioneiras na utilização de fotografias em suas edições, a partir de 1900. Os jornais começaram a publicar de forma mais gradual por volta da segunda metade do século XX. Ao lado temos a primeira publicação da revista em maio de 1900, que traz uma foto sobre a festa do IV centenário do descobrimento do Brasil.
As primeiras fotos registradas como acontecimento jornalístico mundial e que circularam em grande escala na imprensa foram realizadas nas grandes guerras. Tais fotos não só popularizaram, mas também alavancaram o mercado de fotografia jornalística no mundo.
A popularização Fotografia
Em 1888, a marca Kodak foi registrada, ela tinha um filme de 100 poses e era bem mais fácil de utilizar. Seu slogan era “Você aperta o botão, a gente faz o resto”. Em 1895, foi lançada a Kodak Pocket, primeiro modelo de câmera de bolso. Em 1900, a ideia era a de popularizar mais ainda seu uso, e lançaram o modelo Brownie, custando 1 dólar e foi a primeira considerada acessível.
As primeiras fotos coloridas começaram a surgir por volta de 1940
A Kodak demorou para acreditar nas câmeras digitais. Apenas em 2001, anunciou a sua primeira versão digital ao mundo. No entanto, com a popularização, acabou perdendo mercado para outras empresas como a Nikon, Canon, Appel, etc. Fatores como diminuição de custos e de tempo facilitaram o processo fotográfico digital.
A fotografia digital mudou a forma de registrar os acontecimentos, que passaram a transmitir em tempo real pela internet as imagens. A imprensa também passou a receber as imagens dos fatos praticamente em tempo real.
O futuro da fotografia
A fotografia é considerada uma das principais invenções da humanidade. Com quase duzentos anos, percebemos que ela ainda vem se transformando e se adaptando às novas tecnologias. A fotografia não é uma invenção estanque, ela é hibrida, é versátil.
Apesar da fotografia ter o poder de fazer com que as pessoas voltem ao passado por meio das emoções que ela remete, ela também provoca as empresas a pensarem cada vez mais em novas possibilidades do seu uso no futuro.
O artefato que surgiu com quase 50 quilos, agora pesa gramas e se uniu a outras tecnologias, como o celular, o tablet, o computador, e mais recentemente ao drone, em que a pessoa pode fotografar lugares inacessíveis, como o fundo do mar ou montanhas. A Inteligência Artificial dos celulares deu um ganho a mais ao uso da fotografia que trouxe muitas outras funcionalidades para as câmeras.
Não se pode esquecer que estamos vivendo uma era de revolução tecnológica, em que Internet of Things – IoT (internet das coisas) está cada vez mais no dia a dia das pessoas. As possibilidades são inúmeras, como se tem visto com o passar dos anos. A câmera foi incorporada aos celulares, como falamos anteriormente, e mais recentemente aos drones. Também podemos falar da criação de novas profissões, do seu uso para fotografar em lugares inóspitos, segurança da população e tantas outras funcionalidades. Como podemos ver as funções da fotografia estão cada vez mais ampliadas. E, neste dia da fotografia, só uma coisa é certa, sabemos de onde ela veio, mas não conseguimos imaginar até onde ela poderá ir.