O fenômeno climático conhecido como “toró”, que frequentemente descreve uma chuva torrencial, foi recentemente formalizado como um termo técnico pela pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A palavra, amplamente utilizada de forma coloquial para se referir a chuvas intensas, agora pode ganhar importância na meteorologia, de acordo com estudo do climatologista Reinaldo Haas.
Segundo o professor do departamento de Física da UFSC, o termo tem origem na língua guarani e descreve chuvas que caem como um “jato de água”. Haas, que apresentou seu estudo na conferência AGU, nos Estados Unidos, alerta para o alto potencial destrutivo desse fenômeno. Caracterizado pela queda repentina e abundante de água e granizo, o “toró” pode ter impactos devastadores, como já foi observado em tragédias climáticas recentes.
Haas também destaca que os indígenas guaranis já compreendiam esse tipo de evento climático. No estudo, é explicada a onomatopeia da palavra, que imita os sons naturais da chuva intensa, comparando-os ao barulho de um trovão e de um liquidificador misturando madeira com água.
O estudo faz uma distinção entre o "toró" e outros fenômenos, como as expressões "tromba d'água" e "cabeça d'água". A primeira se refere a um tornado sobre corpos d'água, enquanto a segunda descreve fortes chuvas em nascentes.
A pesquisa também sugere que o "toró" é mais comum em regiões montanhosas, onde ventos verticais intensos provocam destruição de vegetação e construções, além de gerar inundações rápidas. O fenômeno, que pode durar apenas 20 segundos, tem consequências graves, como erosão e marcas visíveis em áreas afetadas.
Ao analisar registros históricos e dicionários, Haas acredita que o nome “toró” foi inspirado por indígenas, com a palavra composta por “tó” (som da água cortando o ar) e “ró” (ruído da água batendo no chão). O professor relaciona o fenômeno a grandes desastres no Brasil, como as tragédias em 2011 na Região Serrana do Rio de Janeiro, as enchentes de 2013 em Santa Catarina e as enxurradas em Presidente Getúlio em 2023.
Agora, a pesquisa busca ampliar o conhecimento sobre o "toró" por meio de relatos, fotos e vídeos, com o objetivo de melhorar a previsão e aumentar a conscientização sobre esse fenômeno cada vez mais frequente. A população pode colaborar enviando informações para o Laboratório de Clima e Meteorologia da UFSC.
Características do "Toró":