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21/10/2019 17h29

João de Deus não tem nenhuma doença grave que o impeça de seguir preso, conclui laudo médico

Defesa de João de Deus disse estar surpresa com resultado de laudo e afirmou que médium
João de Deus não tem nenhuma doença grave que o impeça de seguir preso, conclui laudo médico
Peritos da Justiça afirmam que não há sinais de reaparecimento do câncer, tratado em 2015. Laudos concluíram que ele não tem nenhuma doença mental e que toma remédios que não são necessários.


Há 10 meses na cadeia, João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, passou por exames clínicos e psiquiátricos no Tribunal de Justiça de Goiás, que revelam o atual estado de saúde dele - físico e mental. O Fantástico teve acesso aos laudos com exclusividade. Neles, os peritos da Justiça afirmam que João de Deus, de 78 anos, não sofre de nenhuma doença mental e que não possui câncer, contrariando o que o preso disse há 10 dias, ao deixar uma audiência, em Anápolis.


Durante a perícia, João de Deus, que está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, disse aos médicos que passou a sentir dores no quadril direito e no joelho direito desde que foi para a cadeia, e que, às vezes, aparece sangue em sua urina. Também relatou que desmaiou e caiu diversas vezes, e que está usando bengala. Ainda segundo ele, o apetite diminuiu consideravelmente.



De acordo com os médicos, a perda de peso é normal, já que ele apresentava sobrepeso antes da prisão. Eles afirmam, ainda, que João de Deus possui pensamento claro e coerente, com capacidade de raciocínio plenamente preservada.



O laudo médico da Justiça concluiu que João de Deus não tem nenhuma condição física ou mental que o impeça de continuar na cadeia, já que os tratamentos necessários podem ser realizados com ele na prisão.



“Portanto, é possível, do ponto de vista médico pericial, que o sr. João Teixeira de Faria cumpra a pena em regime fechado, desde que seja lhe permitido se ausentar para acompanhamento ambulatorial com médico assistente para verificação das medicações psicotrópicas em uso diante dos fatores já elencados, e para reavaliação quanto às alterações cardiovasculares inespecíficas evidenciadas durante o exame físico médico pericial”.



O laudo psiquiátrico também é incisivo - afirma que "se não há doença mental, não há necessidade de tratamento e, consequentemente, não há necessidade de se recuperar de algo que nunca existiu”.



A defesa de João de Deus se disse surpresa com o resultado, que considera equivocado.

“O senhor João Teixeira vai morrer dentro do presídio. Nós visitamos o senhor João duas vezes na semana, e todas as vezes que vamos lá, ele está num quadro degenerativo pior. A unidade prisional não tem estrutura para receber um idoso de 78 anos”, disse Anderson Van Gualberto Mendonça, advogado de João de Deus.



Sobre a causa dos desmaios que João de Deus afirma estar tendo na prisão, a junta médica aponta que pode ter ligação com os remédios que ele toma na prisão. São pelo menos 14 para tratar, por exemplo, colesterol alto, dor no peito e depressão.



Já o laudo psiquiátrico afirma que João de Deus não sofre de transtorno depressivo e que está usando medicações de forma desnecessária, o que pode causar efeitos colaterais como tontura e dificuldade de urinar.

“Se está certo, se não está certo, isso aí deveria ser dirimido com os médicos da unidade prisional, porque eles são os responsáveis, eles têm a responsabilidade total para inserir ou retirar o medicamento”, disse o advogado Anderson Van Gualberto.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) informou que João de Deus está sob cuidados médicos de profissionais particulares desde o dia 22 de julho. Também disse que os dois médicos do estado que trabalham na cadeia afirmam que não prescreveram os remédios usados pelo preso.


A defesa deve pedir a realização de novos exames.


Realização da avaliação médica


A avaliação médica foi realizada no prédio do TJ-GO diante de três psiquiatras. João de Deus chegou ao local escoltado. Eram dois médicos e uma médica, peritos oficiais, encarregados de fazer um laudo sobre o estado mental do preso.


 perícia foi feita em uma sala que se assemelha a um consultório, onde João de Deus permaneceu por mais de três horas.


No mesmo dia, ele também foi avaliado por outras duas médicas e um médico, responsáveis pela elaboração de um laudo clínico.



Médicos comentam laudos



De acordo com o psiquiatra Daniel Barros, do Hospital das Clínicas de São Paulo, o resultado do laudo mostra “o que é mais comum”.



“O laudo só mostra aquilo que é mais comum. A maioria dos criminosos não tem nenhum transtorno mental”, afirma.



O professor de clínica médica da Universidade de São Paulo (USP) Itamar de Souza Santos concorda com a avaliação médica de que João de Deus não precisa deixar a prisão.



“Simplesmente pelo fato de ter muitas doenças, a pessoa não precisa ficar hospitalizada”, diz.


Histórico de doenças


Em 2015, devido a um câncer de estômago, João de Deus passou por cirurgia e quimioterapia. Ele também já sofreu um infarto e precisou colocar quatro stents, próteses que evitam a obstrução dos vasos sanguíneos.



Em março deste ano, graças a uma liminar, ele saiu da prisão e ficou internado num hospital até junho, por conta de um aneurisma no abdômen.


Assim que ele voltou à cadeia, a defesa decidiu pedir à Justiça que ele passasse por uma perícia oficial.


Acusações e processos

João de deus é acusado de ter cometido abusos sexuais contra pelo menos 300 mulheres. Ele afirma que é inocente e que está pagando pelo que teria feito em vidas passadas.


"É uma dívida, É de Deus". E acrescenta: "Eu sei que Deus vai me olhar e a Justiça também. Eu confio na Justiça dos homens”, disse.


A maioria das vítimas de João de Deus afirma que sofreu os abusos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde ele fazia os atendimentos.


Até o momento, João de Deus é réu em nove processos, que somados, envolvem cerca de 90 vítimas, segundo o Ministério Público.


“Nós ainda trabalhamos na hipótese de oferecermos várias outras denúncias. Isso porque pela quantidade de vítimas, nós não conseguimos produzir todas as denúncias do caso ainda”, afirma o promotor de Justiça Luciano Miranda Meireles.


Para o promotor, João de Deus deve permanecer na cadeia até o fim da vida.


“Nós podemos dizer que certamente ele passará os seus últimos dias na prisão”, conclui Luciano.

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Fonte: G1.
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