Comprar o uniforme escolar e descobrir que sua filha não poderá estudar mais naquela instituição. Foi o que aconteceu com a técnica de enfermagem Chaiana Machado, 33. Sua filha Brenda, 8, é estudante da EEB Henrique Fontes, na cidade de Tubarão, desde o primeiro ano do Ensino Fundamental. Mas a ida ao terceiro ano vai ser impedida pela implementação do modelo cívico-militar na instituição.
"Quando foi anunciada a escola cívico-militar ficamos felizes, mas disseram que os alunos serão transferidos, um descaso. Mudança de escola, mudança de professor, era para terem planejado melhor. Acabei de comprar um uniforme novo, vou ter que comprar outro", lamenta a técnica de enfermagem.
Com a mudança na EEB Henrique Fontes, os alunos das séries iniciais seriam transferidos de escola e passariam a estudar nas dependências da EEB Hercílio Luz, que fica no centro de Tubarão. A distância prejudicaria famílias como a da vendedora Silvana Carboni, 33, mãe de Lívia, 8. Moradoras do bairro São João, elas teriam de arranjar outro meio de locomoção para a escola. "Coloquei minha filha lá por ser uma escola boa e eu trabalhar perto, ela ia comigo e voltava meio-dia", conta.
Para sanar essas e outras preocupações, foi realizada nesta semana uma reunião com a direção e os professores para analisar as primeiras diretrizes de funcionamento do processo de implantação da escola da rede estadual no Programa Nacional das Escolas Cívico-militares.
Agora, os gestores esperam maiores definições da Secretaria de Estado da Educação para realizar uma reunião conjunta com a direção, pais dos alunos e professores. Após essa reunião, será feita uma votação em Assembleia para que os pais se manifestem.
O diretor da Escola Gelson Espanhol Maximiano ressaltou os esforços da direção em ouvir a comunidade e conciliar o novo modelo com o bem-estar dos alunos das séries iniciais.
"Estamos esperando as novas diretrizes da Secretaria da Educação para marcar uma reunião com os pais. Precisamos saber da Secretaria como essa transição vai acontecer, se eles receberão direito a transporte, se eles têm o direito de voltar ao nosso colégio quando acabarem o Ensino Fundamental... Tudo isso vamos conversar em reunião", comentou.
Cabe ressaltar que, em 2022, o Ensino Fundamental já deixaria de existir na EEB Henrique Fontes por causa do Ensino Médio Integral que seria implantado na instituição. A EEB Henrique Fontes será a sétima escola cívico-militar da rede estadual, recebendo investimentos que chegam a R$ 1 milhão por escola. O plano é que a EEB Henrique Fontes receba dois oficiais militares do Ministério da Defesa, sendo um para apoiar na gestão administrativa e outro na gestão pedagógica.