A tão esperada fumaça branca que anuncia a eleição de um novo Papa foi expelida nesta quinta-feira (8) da chaminé da Capela Sistina, no segundo dia de conclave. O cardeal Robert Francis Prevost foi escolhido pelos colegas e, a partir de agora, será conhecido como Papa Leão XIV.
A eleição ocorreu após pelo menos 89 dos 133 cardeais eleitores votarem em Prevost, atingindo a maioria de dois terços necessária para que seu nome fosse proclamado. Ele assume a liderança da Igreja Católica como sucessor do Papa Francisco, que deixou a Cátedra de São Pedro após um longo pontificado iniciado em 2013.
Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, Prevost tem 69 anos e entra para a história como o primeiro Papa norte-americano. Também é o primeiro pontífice oriundo de um país de maioria protestante.
Apesar da origem nos Estados Unidos, boa parte da sua caminhada religiosa foi construída na América Latina, com destaque para sua missão no Peru, país onde viveu por mais de uma década. Foi lá que sua atuação pastoral e firmeza diante de regimes autoritários chamaram a atenção da Igreja.
Antes de ser eleito Papa, Prevost exercia duas das mais altas funções no Vaticano: era prefeito do Dicastério para os Bispos – órgão responsável por nomeações episcopais no mundo inteiro – e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina.
De estilo reservado, fala serena e avesso a holofotes, é considerado reformista e alinhado à linha pastoral de Francisco. Formado em Teologia e Direito Canônico, tem uma sólida bagagem intelectual e espiritual. É membro da Ordem de Santo Agostinho.
Prevost entrou para a vida religiosa aos 22 anos. Formou-se na União Teológica Católica de Chicago e, posteriormente, estudou Direito Canônico em Roma. Foi ordenado padre em 1982 e, dois anos depois, iniciou sua missão no norte do Peru, passando por Piura e Trujillo, onde permaneceu por 10 anos.
Durante o governo autoritário de Alberto Fujimori, Prevost teve uma postura firme contra violações de direitos e chegou a exigir retratações públicas pelas injustiças cometidas no período.
Em 2014, foi nomeado administrador da Diocese de Chiclayo, onde se tornou bispo. Sua maior crise veio em 2023, quando enfrentou acusações de acobertamento de abusos sexuais cometidos por dois padres peruanos. Três mulheres denunciaram que, ainda crianças, sofreram abusos e que Prevost, mesmo informado, teria demorado a agir. A diocese e o Vaticano afirmam que ele seguiu os protocolos da lei canônica. A investigação ainda está em andamento.
Em 2023, Prevost foi nomeado cardeal por Francisco — um título que ocupou por menos de dois anos antes de ser eleito Papa, o que é incomum na Igreja moderna. Apesar do tempo curto como cardeal, sua influência nos bastidores do Vaticano cresceu rapidamente, impulsionada por sua atuação na nomeação de bispos e nos assuntos latino-americanos.
Durante uma das internações de Francisco, foi Prevost quem conduziu publicamente uma oração no Vaticano pela saúde do então pontífice — um gesto que emocionou muitos fiéis e reforçou seu perfil pastoral.
Agora, como Papa Leão XIV, ele terá diante de si os desafios de manter viva a missão evangelizadora da Igreja, lidar com escândalos de abuso, enfrentar a crescente secularização e promover o diálogo em tempos de polarização e crise espiritual no mundo.