O humorista Leo Lins publicou um vídeo em seu canal no YouTube nesta quinta-feira (5), abordando pela primeira vez sua condenação pela Justiça Federal. Na última terça-feira (3), Lins foi sentenciado a oito anos e três meses de prisão, em regime inicialmente fechado, sob a acusação de proferir "discursos preconceituosos contra diversos grupos minoritários" em sua apresentação "Perturbador", gravada em 2022. Além da pena de prisão, foi imposta uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
No vídeo, Leo Lins fez questão de se apresentar como Leonardo de Lima Borges Lins, sua identidade real, e não como o humorista. Ele argumentou que, no palco, o humorista interpreta uma "persona cômica" e que seus shows são uma "obra teatral, de ficção". Lins criticou o que chamou de "cegueira racional", afirmando que "os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém quer mais ouvir o próximo". Ele leu e contestou trechos de sua condenação, expressando a esperança de que "humoristas e a classe artística em geral entendam a gravidade de uma sentença como essa".
A condenação de Leo Lins se refere ao show "Perturbador", que continha declarações consideradas ofensivas contra diversos grupos, incluindo negros, idosos, obesos, portadores de HIV, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e pessoas com deficiência. O vídeo, que teve mais de três milhões de visualizações antes de ser suspenso por decisão judicial em agosto de 2023, teve a pena agravada pela Justiça Federal devido à grande quantidade de grupos sociais atingidos e à ampla veiculação na internet. A defesa do humorista, em nota, manifestou "grande surpresa" com a sentença, classificando-a como um "triste capítulo para a liberdade de expressão no Brasil" e equiparando-a a sanções aplicadas a crimes graves como tráfico de drogas e homicídio. A defesa confirmou que interporá recurso de apelação, confiando na reparação da "injustiça" em segunda instância.