Com informações de O Globo
A publicitária Juliana Marins, que morreu após cair do Monte Rinjani, na Indonésia, morreu 32 horas depois da primeira queda. Os detalhes do exame da nova autópsia do corpo foram divulgados pelos peritos responsáveis em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira, na Defensoria Pública da União, que acompanha o caso a pedido da família de Juliana.
Segundo Reginaldo Franklin, médico-legista da Polícia Civil do Rio, ela morreu 32 horas depois da primeira queda. O horário presumido é a metade do dia 22 de junho. "Foram encontradas larvas no couro cabeludo e no tórax de Juliana. Procuramos uma médica-legista referência no estudo do caso e, com base na biologia do inseto, considerando o tempo que leva até que elas desenvolvam aquele tamanho, foi feita a estimativa da hora de morte, que pode ter sido na metade do dia 22 de junho, do horário da Indonésia. Após a última queda, ela morreu em 15 minutos", afirma o médico-legista.
A coletiva teve a participação da defensora pública federal Taísa Bittencourt Leal Queiroz, do perito Nelson Massini e do legista Reginaldo Franklin Pereira.
Por solicitação da família de Juliana, o corpo foi submetido a uma nova autópsia no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro. Segundo os peritos brasileiros, não foi possível determinar com precisão a data da morte, devido ao estado em que o corpo chegou ao Brasil. Ainda assim, os especialistas confirmaram a causa da morte: hemorragia interna provocada por lesões em múltiplos órgãos, decorrentes de politraumatismos — compatíveis com impacto de alta energia cinética, típico de uma queda de grande altura.
O documento brasileiro também descartou a possibilidade de uma sobrevida prolongada após o impacto. A avaliação dos legistas do IML é de que Juliana sobreviveu, no máximo, por 15 minutos após a queda.
Segundo o laudo da perícia feita na Indonésia, a morte da brasileira ocorreu entre 1h15 do dia 23 e 1h15 do dia 24 de junho. O corpo foi resgatado apenas na noite do dia 24, por voluntários que auxiliavam a Basarnas — a agência nacional de busca e salvamento da Indonésia — e foi encontrado a cerca de 600 metros abaixo da trilha original.
No último momento que Juliana teve contato com uma turista espanhola, segundo Mariana, a irmã teria ainda gritado por socorro.
"A gente estava esperando o momento do laudo, e vamos ver o que é possível fazer. O fato de o Basarnas não ter sido chamado logo depois do acidente é um ponto. Eles deveriam ter sido acionados desde o início, sem o equipamento correto. Isso tudo a gente quer que seja revisto. Isso ultrapassa a Juliana, até para proteger outras pessoas. Ela estava claramente viva, se o resgate tivesse sido acelerado, ela provavelmente estaria aqui hoje", disse Mariana.
A defensora Thaiza Bittencourt afirmou que requereu a instauração de inquérito para investigar o caso no exterior, que aguarda manifestação do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandovsky. "A família tem direito à indenização no processo civil contra o governo da Indonésia. Outras medidas também podem ser tomadas. É possível ainda buscar uma recomendação mundial junto aos direitos humanos da ONU para o turismo de aventura. Mas tudo ainda será discutido com a família", afirma a defensora.
Os exames complementares feitos na Indonésia ficaram prontos e chegaram nesta sexta-feira para a família. Os peritos brasileiros vão avaliar para checar se todas as informações convergem com o laudo de necropsia feito no IML Afrânio Peixoto.