
Enquanto a maioria das famílias ajeita a mesa e confere o horário da ceia, tem quem comece a noite de Natal colocando botas, ajeitando o gorro e vestindo a fantasia mais conhecida do mundo. Para o Papai Noel, a véspera não é descanso, é uma missão. Em Tubarão, ela começa cedo e só termina quando a última criança sorri.
Aos 68 anos, Luiz César é o Papai Noel oficial da cidade. Ao lado da filha Mayara, de 37 anos, ele transforma a Casa da Cidade num palco de sonhos, fotos e e pedidos sussurrados ao pé do ouvido. Há quatro anos fazendo o papel do bom velhinho, Luiz não chegou ali por planejamento, mas por acaso.
“Foi uma brincadeira”, conta. Um dia, o Papai Noel da Bel Anima faltou, e Luiz acabou substituindo. Procuraram uma fantasia, improvisaram, e deu certo. Com a Bel, ele participou de três Natais consecutivos. Desde então, não saiu mais do trenó.
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Moradores de Tubarão, pai e filha dividem as tarefas: Mayara cuida da parte administrativa, dos contatos e da organização. Luiz César entrega a magia. “No final de novembro já começa essa época”, explica Mayara. A cidade entra no clima, e eles também.
Na véspera de Natal, o trabalho se intensifica. No dia 24, el participa de seis Natais de famílias tubaronenses, começando às 18 horas e seguindo até o fim da noite. Um roteiro que exige disposição, paciência e paixão. “A gente faz porque gosta. Não adianta ter barba, o físico, se não gostar disso”, afirma.
O calor não perdoa — e a fantasia tampouco ajuda. “Foi a partir dessa brincadeira que eu comecei a pagar meus pecados… Duas da tarde, 40 graus, e o Papai Noel se arrumando”, diz, rindo. Mas o desconforto fica em segundo plano. “Tem que esquecer o calor. Às vezes nem dá tempo de sentir. É muita criança que passa por aqui”, afirma.
E não são só os pequenos. “O pessoal mais marmanjo também”, brinca o Papai Noel. Adultos chegam tímidos, meio sem jeito, mas acabam pedindo uma foto. “Eles ficam envergonhados, mas pedem. A gente se diverte pra caramba”, conta.
A exclusividade também faz parte da história. “Papai Noel é exclusivo da cidade de Tubarão. Não dá pra multiplicar”, diz, com orgulho. Aposentado há 14 anos — antes comerciante — Luiz poderia ter diminuído o ritmo. Mas escolheu continuar trabalhando, agora com outro tipo de retorno.
