
Uma das frutas mais consumidas pelos brasileiros, a melancia tem a comercialização proibida em Rio Claro, no interior de São Paulo, por força de uma lei que completa 130 anos. A norma é datada de 30 de novembro de 1894 e está registrada no primeiro livro do tombo do município, hoje preservado no Arquivo Público e Histórico da cidade.
Mas a proibição é desconhecida por quase a totalidade dos moradores da cidade e, claro, é totalmente desrespeitada.
No final do século 19, a melancia chegou a ser considerada um risco à saúde pública em Rio Claro. À época, a cidade, assim como outras regiões do estado, enfrentava surtos de febre amarela, e higienistas passaram a associar a doença ao consumo da fruta, hoje reconhecida por ser rica em vitaminas, minerais e compostos antioxidantes.
Segundo a superintendente do Arquivo Público, Mônica Frandi Ferreira, médicos e sanitaristas buscavam explicações para as mortes causadas pela doença e acabaram apontando, de forma equivocada, a melancia como possível causa. Até mesmo Vital Brazil, referência da medicina sanitária no país, esteve na cidade e assinou atestados de óbito por febre amarela no início da década de 1890.
Com o avanço da ciência, ficou comprovado que a febre amarela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e não por alimentos. Antes mesmo da lei que proibiu a melancia, o município já havia adotado medidas mais eficazes, como regras de limpeza urbana e combate à insalubridade. A norma, nunca revogada, caiu em desuso e hoje é considerada sem aplicabilidade prática, por não fazer mais sentido social ou sanitário.
