
A escalada do conflito entre Israel e Irã tem gerado novas tensões diplomáticas e repercutões globais. Em entrevista ao jornal Metrópoles, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, criticou a postura do governo Lula em relação aos recentes bombardeios israelenses, afirmando haver "divergências claras" e que as críticas brasileiras ignoram a legítima defesa de Israel diante da ameaça iminente de uma bomba nuclear iraniana. Zonshine defendeu os ataques, alegando que o Irã estava prestes a concluir seu programa nuclear e que Israel agiu no “último momento possível”. Ele ressaltou que não acredita que a posição do governo represente a de todos os brasileiros, mencionando o apoio de parlamentares e entidades a Israel.
Em contrapartida, o governo brasileiro, por meio do Itamaraty, condenou os ataques, afirmando que Israel violou a soberania iraniana e pode estar provocando uma guerra de grandes proporções. Desde o início do governo Lula, o Brasil publicou 64 notas criticando ações de Israel e apenas 10 em sua defesa. O embaixador, que participou de uma reunião com o ex-presidente Bolsonaro e parlamentares da oposição em 2024, negou ter discutido o tema com Bolsonaro, mas expressou o desejo de uma retomada do diálogo entre os países.
Movimentos dos EUA e cenário de guerra:
A tensão global se acentuou com o anúncio do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que informou o fechamento de sua embaixada em Jerusalém a partir desta quarta-feira (18), até sexta-feira (20).
Mais cedo nesta terça-feira (17), o presidente norte-americano, Donald Trump, endureceu o tom e pediu a "rendição incondicional" do Irã, alertando que a paciência dos EUA estava se esgotando. Ele, no entanto, afirmou que não havia intenção imediata de matar o líder iraniano, “por ora”, enquanto a guerra aérea entre Israel e Irã se estendeu pelo quinto dia. Em resposta, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, poderia ter o mesmo destino de Saddam Hussein. O Irã, por sua vez, rejeitou qualquer tipo de negociação e afirmou que não se curvará.
Impacto na agenda de Lula:
Em meio a essa escalada, o presidente Lula e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cancelaram a reunião bilateral que teriam nesta terça-feira (17), durante a cúpula do G7 no Canadá. Segundo o governo brasileiro, o encontro foi inviabilizado por problemas de agenda e atrasos na programação do evento, fazendo com que Lula retornasse mais cedo ao Brasil. Essa é a segunda vez que uma reunião entre os dois líderes é cancelada em um encontro do G7, sendo a primeira em 2023, no Japão. O cancelamento ocorre em meio à crescente guerra entre Irã e Israel, o que pode ter influenciado a decisão de Lula de antecipar seu retorno.
