
Uma restauração feita na imagem de Nossa Senhora das Dores, do século XVIII, causou revolta entre fiéis de Pirenópolis (GO). A escultura, exposta na Igreja Nossa Senhora do Rosário, conhecida por expressar sofrimento e dor, agora exibe traços considerados "suavizados" pelos devotos, como bochechas rosadas, boca com aparência de batom, cílios marcados e ausência de lágrimas.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirmou que não autorizou a intervenção e notificou a Diocese de Anápolis, responsável pela igreja, solicitando explicações. Segundo o órgão, a pintura atual descaracteriza a obra original, que usava técnicas tradicionais como a policromia.
“Ela perdeu a feição de dor. Está com cílios, blush... virou uma imagem maquiada”, comentou a devota Helena Cristina de Pina.
Imagens comparativas mostram mudanças visíveis na coloração da pele, no formato da boca e nas mãos da santa, que agora estão mais claras e sem sombreado. Para o jornalista e devoto Ronaldo Félix, a nova pintura alterou significativamente a identidade da imagem: “Foi usada uma tinta comum, o que comprometeu os traços antigos.”
A chefe substituta do Iphan em Pirenópolis, Margareth de Lourdes Souza, declarou que a ação “não pode ser considerada uma restauração” e frisou que não houve qualquer autorização oficial.
A polêmica acontece às vésperas da Sexta-feira Santa, quando a imagem tradicionalmente participa de uma procissão pelas ruas da cidade.
