
Simone Bittencourt de Oliveira nasceu em Salvador aos sete minutos do dia 25 de dezembro de 1949. Por pouco, o fato de ter vindo ao mundo no Natal não definiu também seu nome: filha do cantor de ópera Otto e da pianista clássica Letícia, a sétima de nove irmãos quase foi chamada de Natalina. A escolha final por Simone, no entanto, acabou marcando uma trajetória singular. “Talvez eu tivesse outro destino com aquele nome”, reflete a cantora, hoje com 75 anos. “Acho bonito ter nascido no dia de Natal. Me conecta com algo maior.”
Décadas depois, essa ligação com a data ganharia forma musical. Em uma viagem a Nova York, Simone se surpreendeu ao encontrar uma grande variedade de álbuns natalinos em uma loja de departamentos, com artistas como Frank Sinatra e Nat King Cole. A experiência despertou a ideia de levar o gênero para o mercado brasileiro. Em 1995, ela apresentou à Polygram a proposta de gravar um disco inteiramente dedicado ao Natal — algo inédito no país à época.
O resultado foi o álbum 25 de Dezembro, que se tornaria um marco da música nacional. O trabalho abre com “Então É Natal”, versão de Cláudio Rabello para Happy Xmas (War Is Over), de John Lennon e Yoko Ono, e se encerra com “Noite Feliz”, clássico de Franz Gruber e Joseph Mohr. Em apenas 15 dias, o disco vendeu um milhão de cópias e rendeu a Simone seu primeiro disco de diamante. “Até hoje, alguém pede essas músicas nos shows. Esse trabalho segue vivo no coração das pessoas”, destaca.
Trinta anos depois, o sucesso de 25 de Dezembro ajudou a consolidar uma tradição no país. O álbum inspirou outros projetos natalinos de destaque, como Em Família, de Chitãozinho & Xororó, Natal Todo Dia, do Roupa Nova, e Natal Mágico, da Xuxa, além de diversas coletâneas temáticas lançadas ao longo dos anos. Um Natal sem neve, trenós ou renas, mas profundamente brasileiro — e com a voz de Simone como trilha sonora permanente.
