Um mês após o ataque a uma escola municipal em Estação, no Rio Grande do Sul, o caso segue envolto em sigilo. O responsável, um adolescente de 16 anos, esfaqueou e matou um aluno de 9 anos, ferindo ainda duas estudantes e uma professora. A identidade do agressor não foi divulgada por se tratar de menor de idade, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Além da proteção legal, autoridades também evitam a exposição para impedir o chamado efeito copycat — quando a divulgação excessiva estimula novos ataques semelhantes, muitas vezes motivados por notoriedade. Especialistas alertam que comunidades extremistas na internet influenciam jovens com discursos violentos e ideologias radicais.
Segundo o Ministério Público, o adolescente passou por consulta psiquiátrica na véspera do crime e apresentava sinais de piora. Ele está internado provisoriamente por decisão judicial e pode receber medidas socioeducativas, caso seja responsabilizado pelos atos infracionais análogos a homicídio e tentativa de homicídio.
A promotoria reforça que o objetivo das medidas não é punitivo, mas de caráter pedagógico. A internação, que pode durar até três anos ou até o jovem completar 21 anos, visa à ressocialização.
O caso de Estação se soma a outros 42 ataques em escolas brasileiras registrados desde 2001, com 47 mortos e 115 feridos, segundo o Observatório Nacional dos Direitos Humanos. O ano de 2023 foi o mais violento, com 15 ocorrências.
O Ministério Público e especialistas recomendam cautela na cobertura jornalística de casos como esse, para preservar vítimas e evitar estímulo a novos crimes. “Não devemos glorificar nem dar visibilidade ao autor. O anonimato é uma forma de conter esse ciclo de violência”, avalia o promotor Diego Barbiero.
Foto: Divulgação/HC.