Nesta segunda-feira (9), Laguna celebra os sete anos do reconhecimento da Pesca Artesanal com Auxílio dos Botos como Patrimônio Cultural Imaterial de Santa Catarina. A prática foi oficialmente registrada no Livro de Registro dos Saberes da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) em 2017, após um processo de valorização que teve início com o Decreto nº 2504, de 29 de setembro de 2004.
Embora o boto já fosse considerado patrimônio natural de Laguna desde a promulgação da Lei Municipal nº 521/1997, esse reconhecimento estadual ampliou o olhar para o saber tradicional da comunidade pesqueira — um conhecimento passado de geração em geração, profundamente enraizado no cotidiano da cidade.
Tradição viva e rara no mundo
A pesca com auxílio dos botos é uma prática rara no mundo. Em Laguna, ela representa não apenas um modo de vida, mas uma aliança simbiótica entre pescador e natureza. Os botos ajudam os pescadores a reunir os cardumes e, em troca, recebem parte da pesca. Cada animal é identificado por seus traços e comportamentos, ganhando até apelidos carinhosos ao longo dos anos.
Nas regiões da praia da Tesoura e do Molhe da Barra, a atividade segue rituais precisos: observação dos sinais dos botos, organização por "vagas" — sistema tradicional que garante a vez de cada pescador — e respeito mútuo são marcas registradas.
Além de ser um espetáculo natural admirado por estudiosos desde o início do século XX, a pesca com botos também movimenta a economia local. Durante a temporada, pescadores comercializam diretamente nas praias o peixe capturado, reforçando os vínculos comunitários e a sustentabilidade da atividade.
A celebração desta data não marca apenas um reconhecimento legal, mas reafirma a importância da preservação de um saber ancestral que continua vivo nas águas de Laguna — onde o boto é mais que um animal: é parceiro, símbolo e membro honorário da comunidade.